domingo, 8 de fevereiro de 2015

SOFRIMENTO



Por quê sofremos?

O sofrimento humano é um fato natural e, embora a resposta teológica para o sofrimento seja a condição do pecado em que vive o ser humano, ela de pronto não atende à necessidade pragmática de explicação, uma vez que é por demais complicado entender que Deus criou o ser humano e deixou que ele demandasse por esse caminho de dor e sofrimento. Aliás esse é um dos temas mais antigos da discussão teológica e causa de muitas desistências da fé: o sentido do mal.

Os ateus se perguntam: Se Deus é bom e tudo o que Ele faz é bom, como explicar a existência do mal?

O mal, como o bem, é condição existencial do ser. É atributo natural de quem é criatura, cuja maior expressão é a finitude. Assim, o ser, a criatura diante do tempo, passa e não permanece na mesma condição indefinidamente. Só Deus, por ser quem é, não é suscetível a mudanças; só Deus não tem fim!

Deus é amor, sendo essa a melhor forma que a humanidade encontrou para definir e descrever esse Ser que é, por natureza, indefinível e indescritível.

E Deus, no seu incomensurável, indefinível e indescritível amor, diante do sofrimento humano, sabe que não há palavra que explique a condição humana de vulnerabilidade diante da dor e do sofrimento. É por isso que no Evangelho de hoje (Mc 1, 29-39), que apresenta a cena em que Jesus está diante do sofrimento da sogra de Pedro, Ele não pronuncia uma só palavra diante desse fato. Jesus apenas estende a mão e a ajuda a levantar. Contemplando essa cena, é-nos compreender que a melhor atitude para expressar o amor ao próximo diante da dor e do sofrimento é estender a mão, pois as palavras muitas vezes não conseguem exprimir melhor forma de solidariedade.

O ser humano, tal como Jó (1ª Leitura: Jó 7, 4), na sua condição existencial, jamais poderá levantar-se sozinho, pois que sem entender porque é vulnerável à dor e ao sofrimento, sempre se questionará acerca disso. Será, pois, na consciência de sua própria finitude, pois que suscetível ao tempo, que o homem sentirá a necessidade de rogar a Deus para lembrá-lo de que "seus dias correm mais rápido que a lançadeira do tear...e que a sua vida é apenas um sopro" (Jó 7,6-7).

De acordo com Paulo (2ª Leitura: 1Cor 9,16.23) somente resta ao ser humano uma única alternativa: crer e proclamar a boa notícia (Evangelho) de que Deus que se anuncia também se faz fraco para estar com os fracos e é tudo para ter todos. Por isso é que Deus, em Jesus vem com a mão estendida para se encontrar com o ser humano no seu sofrimento e na sua dor.


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