domingo, 11 de janeiro de 2015

MERGULHAR PARA REVIVER



Batismo é uma palavra oriunda do grego que significa imersão, mergulho.

Como rito de passagem implica, antes de tudo, numa atitude consciente que torne possível a mudança, ou melhor, que torne possível ser "outro".

Mas que "mudança" pretendia Jesus com seu batismo? Qual é o "outro"  que Jesus, o filho de Deus, queria tornar-se? Por quê cumprir esse ritual?

Quando se aproximou de João e deixou-se batizar, Jesus mostrou a importância de se inserir no costume da comunidade e cumprir o rito, de seguir a cultura da religião que ali se praticava e, plenamente consciente das consequências daquele ato, vivenciou e mostrou a importância da experiência de um novo caminho, ou de uma nova forma de ver e viver o caminho.

O rito, em si, cujo símbolo do mergulho implica num rápido afogamento, retira do batizando a possibilidade de respirar e, com isso, remete à necessidade de morrer para, no instante seguinte, ressurgir da água, e reviver a partir de uma nova respiração. O rito quer dizer que a nova respiração traz para dentro de si um novo ar e, com isso, torna possível um novo viver (re-viver), uma nova vida de outro modo. Portanto, batizar significa morrer para uma vida de "antes" e reviver para um "depois", uma nova vida, um novo jeito de viver. Esse é o significado plástico do rito.

A coragem de deixar-se batizar no contexto desse significado supõe, no mínimo, a vontade de mudar de vida e, com isso, mudar as escolhas, mudar o modo de pensar, mudar o pensamento, mudar a atitude. Uma vez batizado, o ser humano terá no significado simbólico que o rito remete, um novo ar em seus pulmões, um novo ímpeto para viver, pois o antigo estilo de vida morreu e agora o batizado vive um novo ser, pois que doravante está imbuído do sopro divino (Espírito Santo), de onde vem toda a inspiração, confiança e fé. 

Viver o verdadeiro sentido do batismo traz consigo a ínsita compreensão de que não é possível viver com fé essa nova vida sem uma atitude concreta de imersão nos assuntos que dizem respeito a própria vida e a vida da comunidade. Ninguém se batiza sozinho.

Portanto, saber-se batizado significa compreender-se mergulhado na própria vida e na vida da comunidade, cuja dinâmica da inspiração e expiração possibilita o doce refrigério que alimenta a vida, a partir da consciência desse novo ar que é a presença de Deus (Sopro de Vida/Espírito Santo), cuja voz faz bradar do céu a mensagem que diz a cada um de nós que "somos seus filhos bem amados".

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